“Trabalhamos muito nesta cidade. São 70 anos de uma empresa que tem obras espalhadas por todo canto, não só em Colatina mas por toda esta região, na Grande Vitória e até no sul do Estado, com construções e reformas de alto padrão de diferentes setores, tanto privado quanto público, com serviços de alto padrão de qualidade”, afirma orgulhoso o empresário sócio-proprietário da Construtora Zaché, Alacides João Zaché, 77 anos. Ele atua em um setor que conhece muito bem porque aprendeu com o pai, Bernardo Luís Zaché, trabalhando exatamente no mesmo lugar em que a empresa está até hoje, no bairro São Silvano.
Casados, os jovens filhos de agricultores, Bernardo e a mulher Augusta Gasperazzo, resolveram sair de Santa Júlia (município de Santa Teresa) e escolheram Colatina para viver uma nova vida e ter os filhos. Foi trabalhar na fazenda da família Ferrari, que era próxima de onde morava, e depois escolheu ser carpinteiro para trabalhar nas construções que a cada dia cresciam mais pela cidade. Ali nasceram os cinco filhos, Alaídes, Alacides, Aladir, Augusta e Alaciones, e onde eles criaram também o filho adotivo, Antonio Carlos.
Alacides recorda que São Silvano era um pequeno aglomerado de casas. “Guerino Menegatti tinha uma mercearia e depois foram surgindo mais. Já tinha o sítio do Francisco Simonassi. Lembro da igreja com padre Fulgêncio do Menino Jesus, que ele montou nos fundos onde a Caixa Econômica Federal funciona hoje, num espaço cedido de graça pelo Menegatti. Depois a igreja foi instalada onde hoje é a Pneumax e depois foi para o lugar atual”.
Padre Fulgêncio é um personagem que o empresário não esquece. “Não posso deixar de falar da importância do padre Fulgênio para nós de São Silvano. Com a chegada dele é que o bairro começou a melhorar mesmo. Estava muito abandonado, não tinha quase nada de serviços para os moradores, que chegaram até a querer se emancipar de Colatina. O então deputado estadual João Meneghelli lutava para trazer benefícios para cá. Aí, o padre resolveu ir até ao prefeito Honório Fraga e pedir que fizesse obras aqui, brigou muito para melhorar. E aí sim, vieram o Banestes, os Correios e outros órgãos e também foi feita a praça da igreja Católica”.
Entre os primeiros moradores do bairro, além dos Menegatti, ele cita os Balarini, os Cecatto, os Simonassi, o Fioravante Marino, o Fidélis Ferrari, a Lurdinha Guimarães, o Antonio Wady Jarjura, o Eugênio Meneghelli e a esposa Maria Riva (pais do ex-deputado João Manoel Meneghelli) e o Francisco Juliatti. Também lembra das Serrarias Barbados, Cema e a Alves Marques.
Alacides conta que estudou nas Escolas Carolina Pichler e também Conde de Linhares, e não quis concluir o ginasial, preferindo apenas continuar trabalhando com o pai. “Eu comecei a trabalhar muito cedo. Trabalho desde os meus 10 anos de idade, ainda quando eu estudava o primário na Escola Carolina Pichler. Em um período eu ia para a escola e no outro eu ia trabalhar na oficina elétrica de Dirceu Zaché, lavando peças e fazendo pequenos serviços”.
Já com 13 anos ele foi chamado para trabalhar na Mecânica Lima, que tinha acabado de chegar em Colatina. “Com 14 anos eles assinaram minha carteira. Tinha muito movimento na empresa, eram muitos caminhões e carretas para consertar. Na época, existia pouco carro pequeno. Depois de um tempo, a Mecânica Lima vendeu tudo para o Gether Lopes de Faria, que foi vice-prefeito do Paulo Stefenoni. O Gether, então, me chamou para trabalhar com ele na empresa que tinha uns 10 funcionários. Lembro muito do Ourides Campos, Valdêncio de Jesus Cavalieri, Sebastião Bragança, Delson Moraes e do Vitorino Cecato. Eles eram mais velhos e de menino era só eu. Ali eu me interessei a trabalhar com torno e solda elétrica”.
Na mecânica ele trabalhou até aos 17 anos “quando meu pai resolveu montar um negócio para mim. Comprou à prestação um torno e algumas ferramentas do Angelo Dellorto Campos. “E aí nós montamos a oficina mecânica do lado onde é hoje o Posto Zam, que na época se chamava Posto Atlantic. Contratei um funcionário e depois fui aumentando com mais alguns, trabalhei ali por uns quatro anos e depois comprei um terreno por aqui e fiz a Mecânica Zaché. Fui crescendo e depois comprei e reformei uns caminhões. Eu é que fiz o Bondinho da Alegria, o primeiro que foi para Nova Almeida, e depois fiz um outro para Jacaraípe”, recorda.
Na mesma época que tinha a oficina resolvi mexer com outro negócio, que era a compra e venda de madeira. Comprava em Linhares, Rio Bananal e vendia para a Alves Marques e para a fábrica de Carrocerias Mambrini e outras empresas que precisavam. “Eu vivia dos dois negócios, e trabalhava muito”, explica.
O casamento ocorreu quando ele virou patrão pela primeira vez. “Casei com 21 anos, com Leide Rizzi Zaché, 19 anos, e continuei trabalhando na minha oficina. Isso nos anos 60. Leide era natural de Baixo Guandu e com 16 anos tinha vindo morar em Colatina com uma irmã que morava aqui. Começamos a namorar, e depois a irmã dela se mudou para Vitória e Leide teve que ir junto, mas continuamos o namoro. Eu ia em Vitória namorar com ela, e depois nos casamos e viemos morar aqui em São Silvano. Tivemos nossos quatro filhos, que são a Fabiana, Bernardo Neto, Susiana e Alacides Júnior. Foram 53 anos de casados, até eu ficar viúvo há dois anos e 11 meses”, conta.
Construtora
Bernardo trabalhou muito como carpinteiro em toda a cidade. Fez muitas casas no bairro, muitas obras, inclusive participou da construção da igreja Matriz de São Silvano. Não ficava sem serviço para fazer em Colatina, pois a cidade estava crescendo muito. E aí resolveu ser seu próprio patrão e montar o seu próprio negócio, e então criou a sua empresa, a Construtora Zaché. Fazia casas, colégios, quadras, tudo o que sabia fazer.
Por ter acumulado muitos compromissos ele resolveu chamar o filho para trabalhar com ele. “Eu estava com 26 anos, já casado, meu pai me chamou para eu trabalhar na Construtora com ele, porque o negócio tinha crescido muito. Eu resolvi topar e passei a minha oficina e meu negócio com madeira para o meu irmão Alaciones Augusto, que ficou até aposentar. E daí foram muitos serviços. Na construtora, a gente fazia obras em todo o Norte do Estado, em Vila Velha, e até no sul do Estado também”, conta Alacides.
Hoje a empresa conta com 250 funcionários. Nas sete décadas de existência foram centenas de construções, reformas e ampliações. “Foram muitas obras. Nós construímos as Escolas Ubaldo Ramalhete, Ferrúcio Forrechi, João Manoel Meneghelli (Ayrton Senna) e a Escola Estadual Honório Fraga (São Silvano) o ginásio de esportes da ACD (São Silvano), a Santa Casa de Misericórdia, e a Unidade de Saúde de Ayrton Senna, entre outras”.
Entre as obras citadas constam também participações nas construções do Ifes Campus Centro de Colatina e Ifes Campus Itapina, e também da nova sede do Sesi/Senai, além de obras de reformas na ponte Florentino Avidos (inclusive corrimões e alargamento da calçada). Em Vitória, reforma atual do Parque Moscoso, no Centro, e a construção da Escola Ocarlina de Freitas, em Maruípe.
A Construtora Zaché também deixou sua marca na construção da Santa Casa de Misericórdia de Colatina. Segundo Alacides, a Santa Casa começou em espaço emprestado por eles: “Primeiramente para a instalação do ambulatório, no local onde era o Sesi/Senai antes. Cedemos sem cobrar um tostão e depois nós a construímos toda. Ajudamos a fundá-la, tanto que o ambulatório tem o nome do meu pai. Isso aconteceu na administração do prefeito Dilo Binda”.
O pai Bernardo faleceu em 1989, com 74 anos, estava aposentado e já tinha passado a administração da Construtora para Alacides. A mãe Augusta faleceu em 2005, com 84 anos. Bernardo e Augusta deixaram seu legado, sua herança, um empreendimento em um dos principais setores da economia brasileira e um dos motores da recuperação econômica do país. De constante evolução, sempre buscando inovação, enfrentando o desafio de entender a importância da sustentabilidade, é a marca da construção civil do passado, do presente e do futuro.
Em 2022, a construção civil deu sinais de recuperação e de muita confiança com crescimento significativo, após a pandemia, depois de perder o fôlego no período conturbado em 2020 e 2021, quando sofreu forte crise. O mercado está otimista, com perspectivas e estimativas positivas para 2023, com outro cenário, avistando novos horizontes. Os novos empreendimentos, novos projetos estão surgindo neste importante mercado para o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, com tendência de aquecimento crescente, ritmo tímido e lento, mas com retomada promissora.
E entre altos e baixos, o empreendimento familiar cresceu e frutificou. A cada crise uma nova superação e, a cada oportunidade, um novo negócio. Além da Fazenda Dona Augusta, que Bernardo tinha comprado quando ainda trabalhava na Construtora, fazem parte do grupo mais quatro empreendimentos, como a Construtora Urbanorte, a Zaché Pré-moldados, a Zaché Material de Construção e a Madeiras Zaché. Três dos quatro filhos de Alacides estão totalmente dedicados aos negócios da família.
Trabalho e lazer
Quem pensa que o empresário tem planos de parar de trabalhar se engana. Ele quer continuar ao lado dos filhos, pois sabe que sua saúde tem tudo a ver com os negócios que construiu com a família. Sua rotina é a mesma desde a juventude, mas com muito mais qualidade de vida. “A minha maior diversão é passear de carro e moto. Eu e Leide participamos muito de encontros de Motoclubes, em Governador Valadares (MG), Rio das Ostras (RJ) e Prado (BA). Eu tive triciclo, tive até jipe e fazia muita trilha. Minha esposa era minha co-piloto, estava sempre comigo”.
Ele garante que vai continuar trabalhando até quando puder e aguentar, sempre valorizando a família, que ganhou uma homenagem: “Esta rua aqui onde eu moro, onde está a minha casa e a Construtora, há dois anos passou a ter o nome da Leide, uma homenagem que quisemos fazer para ela”, conta emocionado.
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Texto: Maria Tereza Paulino
Foto: Gabriel Ferreira