“Colatina é a cidade do meu coração. Adoro aqui. Sou colatinense, vim de São Gabriel de Baunilha, interior do município, onde eu vivia com meus pais Eugênia e Júlio, para a cidade, e finquei meu pé aqui e não saí mais. É onde escolhi para formar família, onde eu e minha esposa Paulina tivemos nossas três filhas Gorete, Brígida e Neida, que nos deram seis netos e três bisnetos”, afirma o comerciante Domingos Riva, 86 anos, proprietário da loja A Brasileira.
Aliás, motivo de orgulho para o comerciante é a sua loja que é considerada “o símbolo” do comércio do Centro da cidade, que neste ano está fazendo 60 anos de existência, de histórias de dificuldades, mas também de inúmeras alegrias. “Há 60 anos eu abro e fecho estas portas com a mesma satisfação. Eu trabalhei por 10 anos no Palácio das Linhas Armarinho, de propriedade de Zizinho Caburé, uma loja muito conceituada daqui do Centro também. E aí eu casei, e em 1962 surgiu a oportunidade de ter o meu próprio negócio. Foi quando eu comprei a loja A Libanesa, de Fuad Mussalem, e troquei o nome”, conta.
O impacto das indústrias
De lá para cá, um dos maiores desafios, segundo Domingos, foi a mudança das roupas feitas em alfaiatarias e ateliês de costura, por peças prontas das indústrias que foram surgindo. O fim do ciclo das peças sob medida. Até então as vendas eram de rendas, fitas, bordados, agulhas, linhas e outros materiais para atender costureiras e alfaiates. O tempo de muitos alfaiates. Entre eles, Domingos cita Otto Aurich, Álvaro Guerra, Tininho Paulino, Deolindo Antolini e Raul Boyer. “Tivemos que nos adaptar para a venda das novidades. No começo o povo ficava desconfiado para comprar, porque as roupas tinham que ser ajustadas, mas depois foi acostumando. Diversifiquei bastante as mercadorias, e hoje quem entra na loja sai vestido dos pés à cabeça”.
A loja foi crescendo e conquistando tantos os clientes, que há cinco anos foi comprada uma área ao lado para ampliar o espaço para 350 metros quadrados, que, de acordo com ele, para agradar e dar conforto ao cliente e garantir o seu retorno para novas compras. “A cidade foi crescendo. O comércio de Colatina é um shopping a céu aberto e está crescendo muito também. O consumidor está cada vez mais exigente, está sempre querendo novidades, e a gente então tem que acompanhar suas necessidades e a evolução da moda. Temos que ir nos modernizando, nos adaptando aos novos hábitos e costumes. Então mais duas portas foram abertas para vender roupas em geral, moda íntima e acessórios para ambos os sexos”.
Orgulho nacional
Ainda foram ampliadas as condições das compras com os fornecedores, que além de serem feitas por meio de representantes, passaram a ser feitas também pela internet. “Nossos fornecedores continuam muito fiéis. Há fábricas que eu vendo para elas desde que comecei a loja. Tem uma marca de roupa íntima muito conceituada no Brasil que eu sou o único representante aqui”, conta com orgulho.
Desafios da pandemia
Um outro desafio enfrentado, e muito recente, foi a pandemia, que obrigou muitos comerciantes a fecharem suas portas. Domingos conta, que graças às experiências e credibilidade que seu comércio tem, ele conseguiu superar os obstáculos e se manter no mercado. “O setor de moda e calçados foi um dos mais afetados pela crise, por não serem produtos de primeira necessidade. O povo priorizou alimentos, remédios e produtos de limpeza. E aí as indústrias pararam de produzir, demitiram muito e os representantes desapareceram. Foram dois anos de muito sofrimento, mas pela razão da loja ser consolidada no mercado, nós achamos uma saída, e aí sobrevivemos graças a Deus”.
A “sobrevivência”, que segundo ele, garantiu a permanência da loja no mercado na crise, se deve a vários fatores, mas um se destacou mais. “A nossa sorte é que tínhamos um estoque razoável e não faltou mercadoria para trabalhar. Deu para suprir. E graças a Deus, agora, o tempo ruim está passando, o comércio está reagindo. Temos ótimas expectativas. Nós dependemos muito do interior, da safra do café, e a safra está sendo muito boa neste ano. A nossa expectativa é bem melhor para 2022. Estamos bastante otimistas”.
Domingos, porém, não deixa de ressaltar que apesar dos altos e baixos, sua atividade de rotina é mais que um negócio, pois representa principalmente uma terapia. Ele gosta de conversar com os amigos e com os clientes que já se tornaram fiéis e amigos também. “Quando estou aqui nem vejo o tempo passar. Acredito até que este é o segredo da minha saúde, de estar feliz com o que faço, de ter uma atividade que me faz bem. Eu me cuido muito também”
Futuro
Entretanto, ele tem consciência de que tem que pensar em parar de trabalhar. Lembra que as novas gerações estão chegando e que as empresas familiares como a sua já estão passando o bastão para elas. Ele até citou algumas empresas do Centro da cidade que já foram assumidas por filhos e até netos dos pioneiros. Está planejando parar dentro de dois anos e deixar nas mãos da filha mais velha, Gorete, que já vem tomando a frente dos negócios já há algum tempo. “Ela é a minha sucessora, mora aqui em Colatina. Já aprendeu tudo o que tinha que aprender comigo para tocar a loja quando eu parar. É a cabeça, os braços e as pernas daqui. Eu espero que ela continue e que dê tudo certo”.
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Texto: Maria Tereza Paulino
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